Relação entre irmãos

Tem certas coisas na vida que só quem possui irmão sabe, eu tenho três e sei que nem tudo é um mar de rosas. É impressionante que se teu irmão te pedir um pedacinho do seu doce, mesmo que não seja o seu predileto, você não pensa duas vezes em lhe dizer um grande e belo “NÃO”, mas ao ver ele chorando e precisando de ajuda, você nem pensa, apenas oferece o seu ombro para o que ele precisar.

Eu e meu irmão mais velho também éramos assim quando crianças, tudo o que acontecia com um afetava o outro, mas com o passar do tempo as coisas foram mudando e uma distância foi crescendo entre nós dois. Começaram a surgir brigas e discussões sem nem ao menos precisar de um real motivo, mas apesar de tudo isso, ainda o amava e faria de tudo por ele. Quando estava no colégio sempre ouvia minhas amigas falarem sobre como os irmãos delas cuidavam e amavam elas, enquanto eu só conseguia pensar em como eu e o meu irmão vivíamos implicando um com o outro e o quanto aquilo me deixava extremamente magoada, porque no final das contas eu amava ele e só queria que ele retribuísse esse sentimento.

Os adultos percebiam o quanto aquela distância criada por nós me deixava chateada e sempre diziam ser apenas uma fase, que logo iria passar e eu realmente esperava esperançosa que esse dia chegasse. Entretanto, o tempo foi passando, mas essa fase não, me fazendo lentamente perder a esperança de poder sentir aquele amor tão puro e doce de novo, deixando-me arrasada. Porém, quando ambos chegaram à maioridade, aquele sentimento de esperança que gradualmente reprimi, ressurgiu e parecia que quanto mais adquirimos maturidade, mais conseguimos nos reaproximar.

Nunca me esquecerei dos momentos em que fiquei em desespero e ele estava lá para me acalmar, ou quando ele simplesmente decidiu confiar em mim e conversar sobre o seu dia a dia e seus sentimentos, como poderia esquecer esses pequenos momentos tão esperados que aqueciam sempre o meu coração. Hoje em dia aprendi a não duvidar mais das palavras dos adultos, mas acima de tudo percebi que uma das coisas que mais pode afetar alguém de todas as formas possíveis é a relação de irmão para irmão, algo que só quem tem sabe.

ada indivíduo tem a sua. Mário passa dia após dia atrás de uma tela que emite luz, e no início do mês, sua busca cai na conta.  

Trrrimm, trrrrimmm, trrrimmm. Acorda às 6 da manhã, toma café, escova os dentes, vai trabalhar. Digita, digita, digita, almoça, digita, digita. Vai para casa, come, dorme. Acorda às 10 da manhã. COMO? Atrasado! Escova os dentes, corre, corre, corre. Bom, o despertador não tocou, mas sabe como é, né? Depois de 13 anos na empresa, seu primeiro deslize. Demitido. 

Volta para casa, revoltado, reflete sobre sua vida, viveu para a busca. Acumulou, mas não aproveitou. O único certo é o presente, aquele feito no momento vivido. Mário inverteu, enxergou o futuro como palpável e viveu tentando tocá-lo, controlá-lo, tê-lo. Assim, jamais atingiu o prazer do momento almejado. 

Mário via a busca, a qual o impediu de aproveitar as vírgulas da vida. 

Maria Eduarda Kaufmann